quarta-feira, 2 de março de 2011

Dinâmica do RG no cinema

Vc trabalha muito e ganha pouco em função de ter menos de 30 anos. Como promessa, a experiência e os contatos. "mamãe, eu trabalho com fulano!"

Depois dos 30, você abre sua produtora e começa a pagar pouco pra gente nova que trabalha muito, prometendo pra galerinha experiência e contatos. "jovem, você tem muito o que aprender"

No topo dessa pirâmide impera o medo. O temor de que alguém, em algum lugar, esteja conspirando para tomar o seu posto. Criam-se então suas defesas, que se baseiam fundamentalmente num escudo criado com base nas regras generalistas. Para que alguém venha a vingar, é necessário que siga as regras com obediência e dedicação exemplar. Quem não respeita as normas vigentes está condenado à permanecer na margem, pois a função da regra é anular a exceção. Exceções são perigosas, potencialmente danosas à estabilidade de um sistema onde impera um pacto tácito de mútua condenscendência ("somos fodas, fazemos cinema!").

É necessário destruir essa hierarquia. Inventar novos regimes de produção que não se baseiem na dominação assegurada pela data de nascimento que consta no RG, nem na falsa demonstração de poder simulada pela posse dos meios técnicos (ilhas de edição, câmeras full HD): um regime que se baseie no talento, na amizade e na hostilidade.

Precisamos exorcisar de nós a ilusão (forjada fora de nós com o objetivo programático de nos tornar seres satisfeitos com pouco) de que necessariamente precisamos entrar em um reino de papelão pela porta da frente.

2 comentários:

  1. boa reflexão. precisamos não repetir o vício dos outros.

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  2. Se ser talentoso fosse suficiente, nós estaríamos tão felizes!!! Essa máquina em que vivemos hoje, um dia quem sabe se torne diferente? Mas... muiiitas águas vão rolar. :) Interessante o seu texto.

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