quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um freela?

Um dia antes de uma sessão na qual eu seria testemunha contra uma empresa onde trabalhei, essa mesma empresa vem me sondar sobre a possibilidade de eu trabalhar para ela em um freela. Fiquei alegre com a lembrança, e torço para que em algum dia a proposta se concretize. Essa é a superfície do caso.

Indo um nível abaixo, é de fato muito curioso o fato de que no período de 1 ano e meio desde a minha saída de lá nunca se lembraram de mim, sequer para desejar feliz páscoa. Logo, sou obrigado a tecer todas as hipóteses sobre os reais motivos da sondagem que recebi:

possibilidade 01 - a empresa realmente precisa de alguém e ela realmente se interessa na minha volta.

possibilidade 02 - a empresa quer mostrar a porta que estou fechando ao ter aceitado testemunhar contra ela, disparando com educação um aviso que vai na linha do moralismo de banca de jornal "nada nesse mundo fica impune"

possibilidade 03 - a empresa estaria tentando me demover da decisão de testemunhar contra ela.

sou obrigado ainda a lamentar a estranha ausência (sem aviso prévio nem satisfações posteriores) da 2a testemunha que nos acompanharia no processo. Porém, de nada posso acusá-lo, pois o pneu do carro dele pode ter furado e o celular pode ter sido roubado, assim como a internet dele pode ter caído para sempre. Espero só que esteja vivo e bem, pois trata-se de uma pessoa por quem tenho uma grande estima.

Existem seres humanos que são compráveis, existem outros que não o são. Não julgo aqueles que o são, apenas lamento o fato de eles levarem muito a sério a intimidação que um objeto simbólico como o dinheiro causa quando nas mãos daqueles que tratam as pessoas como peões. Quem se submete à essa lógica perversa talvez não tenha consciência do poder que as atitudes de exceção possuem ou, simplesmente, preferem o caminho mais cômodo. É mais simples lavar as mãos e se abster ancorado em mentiras como o pragmatismo e a crença na impotência da individualidade perante o conjunto. É essa forma de pensar que é a nossa verdadeira miséria.

Mas enfim, em relação às motivações da sondagem que recebi, nada posso afirmar com convicção, pois seria injusto fazer acusações sem provas. No entanto, na condição de ser humano minimamente pensante, e dotado de um instinto de sobrevivência aprimorado inclusive por conflitos que a própria empresa me convidou a enfrentar na época em que lá estive, naturalmente me vejo obrigado a estar preparado para tudo, mesmo que não haja nada.

Ainda torço para que algum dia essa sondagem se concretize em emprego! Mas nunca é demais reforçar: ninguém me compra. Ninguém.